O Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime (HEELJ) promoveu uma oficina de formação em comunicação empática para seus colaboradores, em parceria com a Superintendência de Política de Atenção Integral à Saúde – SPAIS. A oficina aconteceu na quinta e sexta-feira, 12 e 13 de julho, na Pousada Canto do Sabiá. O evento contou com palestras de psicólogas, dinâmicas, poemas, e reflexões profundas sobre comunicação não violenta.
O Gerente de Recursos Humanos do HEELJ, Marco Aurélio, acredita que trabalhar a comunicação empática pode melhorar a comunicação geral dos colaboradores. “O nosso foco é a melhora no atendimento para os nossos pacientes. Por isso, vieram para a oficina os colaboradores responsáveis por todas as áreas do Hospital. Incluindo recepção, RH, farmácia, laboratório, enfermagem e qualidade”, afirma Marco Aurélio.
Educação não violenta
Segundo umas das psicólogas e palestrantes convidada do curso, Denise Ribeiro de Deus, da SPAIS, o foco da oficina foi melhorar a escuta dos colaboradores. “A educação não violenta tem o objetivo de melhorar os conflitos nas relações. Sabemos que eles estão em todos os lugares, internos ou externos, e que há até o conflito com você mesmo. Por isso ensinamos a melhorar tanto a questão interpessoal, quanto a sistêmica”, explica.
A comunicação não violenta é muito utilizada nas áreas de direito e educação. A proposta foi trazê-la para a área da saúde. Denise deixa claro que o objetivo maior desse tipo de educação é a escuta empática. Ela nada mais é do que saber escutar o outro. “Umas das coisas mais importantes para um profissional de saúde é escutar seus pacientes, saber entender sua dor, a necessidade e o sentimento do outro”, completa a psicóloga.
Os quatro pilares da comunicação não violenta são: buscar o não julgamento; observar seus sentimentos e do outro; descobrir quais são as necessidades, suas e do outro; e, por fim, saber o que fazer com essa necessidade. O exemplo de conflito é aquele que surge quando há duas pessoas a serviço no hospital e as estratégias de cada uma são diferentes.
Atendimento humanizado
“Eu acredito que se colaboradores já começarem a acessar qualquer esses pilares, a comunicação melhora e os conflitos são reduzidos. Nosso objetivo é melhorar a qualidade e humanizar o atendimento”, esclarece Denise.
A psicóloga ainda reforça que é importante que os colaboradores saibam utilizar um tom que não seja agressivo. Um ato violento não é enquadrado apenas no ato físico. Falta de respeito, não escutar o outro e conversar mexendo no celular podem ser considerados atos violentos.
“A violência sutil de não enxergar o outro, que todos nós estamos sujeitos a fazer, pode ser uma faísca para uma violência maior, que vai aquecer a lavareda”, reforça Denise.
Já para a psicóloga Regina Celia Borges Campo, formada em psicologia hospitalar, psicologia cognitiva e em comunicação não-violenta, não tratar desses assuntos é potencializar os conflitos. “Hoje em dia, você tem cursos de oratória, mas não cursos que ensinem a ouvir. Então, todo mundo fala e ninguém escuta. Quando um começa a falar, o outro desvia a atenção. Isso, geralmente, é um dos motivos que leva ao conflito e a uma má comunicação. É importante deixar claro que o conflito mais sério é o interno, o interpessoal e sistêmico que está inserido dentro de cada um”, afirma a psicóloga.